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Grupo TUPAM participa de festivais de teatro mineiro

Ressalta-se também que a relação entre a encenação teatral e a ideia de que nesta experimentação, valores, relações, estão sendo colocados em jogo

por Weslley Raphael
30/07/2014 - 13h36

Depois de passar pela seleção de dois festivais mineiros, o grupo TUPAM do Centro Universitário de Patos de Minas esteve presente nas cidades de Teófilo Otoni e Conselheiro Lafaiete, com o espetáculo “TERCEIRO CÍRCULO”. 

Em Teófilo Otoni, nos dias 19 a 22 de junho o grupo participou de oficinas teatrais e se apresentou no espaço do SESC Minas dentro da programação do FESTIVAL DE TEATRO (FESTTO de 2014).

No XIV FESTIVAL DE TEATRO de Conselheiro Lafaiete, 57 espetáculos foram apresentados e a participação do TUPAM aconteceu entre os dias 26 a 28 de julho.

O TERCEIRO CÍRCULO é um espetáculo que dá articulação artística à "filosofia" de que a vida não carrega necessariamente um significado, mas é uma busca, uma exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade.

O texto escrito por Consuelo Nepomuceno lembra o Mito da Caverna em que Platão discute sobre a teoria do conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.

A arquitetura do espaço cênico que valeu ao grupo o prêmio de “Melhor Cenário” reflete o modelo criador do teatro experimental. Ali a encenação se define como experiência investigativa. O processo de composição cênica do “Terceiro Círculo” não tem início no texto dramático, sua motivação não é uma temática ou obra literária, mas tem um “objeto sensível”, algo capaz de despertar sensações e convocar a imaginação da plateia. Provoca um jogo de emoções que varia conforme a experiência de vida de cada um dos espectadores. Este é um dos objetivos do espetáculo e foi por isto que TERCEIRO CÍRCULO foi indicado ao prêmio de Melhor espetáculo e Melhor Direção.

Alguns estudos sobre teatro do absurdo não podem imprimir a este espetáculo o vínculo com essa linguagem teatral, mas serviram de base para a criação dos personagens e da cenografia que se resume em três círculos que se iluminam em momentos de conflitos. Os personagens representam o ser humano em toda a sua incompletude e tentam demolir convenções e valores romanescos.

Dentro de cada círculo, os pares de atores mantêm  uma relação de dependência mútua. São temperamentos complementares. Ameaçam se separar constantemente. Mas eles não estão presos. É uma prisão enigmática.

Alguns elementos do espetáculo “Terceiro Círculo” foram construídos a partir desta ideia existencialista, da ideia de aprisionamento humano. Qualquer elemento poderia ser utilizado como obstáculo, como aprisionamento, para impedir a saída dos personagens de seus círculos. No entanto, optou-se pelo jogo da luz e da escuridão. As velas, as pedras, e as lâmpadas são alegorias que contam  imageticamente o que conceitualmente os homens teriam dificuldade para entender e explicar.

“Terceiro Círculo” não tenta contar uma história linear com começo, meio e fim. Não propõe uma montagem utilizando palco italiano. A proposta é mais radical. “Terceiro Círculo” assume o fragmento, o lacunar. Cada sequência de círculos e atores possui em si o seu significado e a sua força. Cabe ao espectador se deixar levar por essa experiência teatral e se sentir integrante do último círculo.

A experiência teatral da mesma maneira como qualquer outra manifestação artística, adquire uma nova proposta: a mediação e a metáfora. E é assim, através de processos miméticos, que os personagens se comunicam, criam sentido, transpõem suas experiências vividas dentro e fora dos seus próprios círculos.

É importante avaliar o risco e o jogo, na medida em que o experimentalismo os supõe.

Mas, afinal, que tipo de experiência as pessoas podem ter com tal jogo? E mais, o que ele pode revelar acerca da nossa experiência de vida? Que “círculos” são estes?

Aparentemente este é um “círculo/jogo”: os personagens não estão ali para mostrar uma história ou qualquer outra coisa, mas para buscar uma saída.

O lugar das cenas poderia ser um “quarto” ou “entre quatro paredes” tudo seria a mesma coisa. Poderia ser até um lugar aberto, sem limites aparentes. Isto daria uma impressão de contradição: um lugar aberto é fácil de sair dele. A plateia jogaria com a ausência de paredes.

Ressalta-se também que a relação entre a encenação teatral e a ideia de que nesta experimentação, valores, relações, estão sendo colocados em jogo.

Parabéns, Grupo TUPAM pelo prêmio, pelo esforço e garra.

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Fonte: : Assessoria de Comunicação - UNIPAM
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