Dr. Weslley Raphael - Patos de Minas

Pesquisa da EPAMIG obtém cultivares de trigo adaptadas ao solo e clima de Minas Gerais

Estudantes de biotecnologia da UFU participaram de visita técnica na Fazenda Sertãozinho onde conhecerem o campo de experimentos de trigo

por Weslley Raphael
07/07/2015 - 11h40

Alunos do 5º período do curso de biotecnologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) fizeram uma visita técnica na Fazenda Experimental Sertãozinho em Patos de Minas, dia primeiro deste mês, onde conheceram o campo de experimentos de trigo e participaram de uma apresentação, feita pelo pesquisador Maurício Coelho, sobre a pesquisa da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) que obtém cultivares de trigo adaptadas ao solo e clima de Minas Gerais.

Nos últimos três anos a cultura do trigo avançou mais de 100% em Minas Gerais. Mercado amplo, qualidade industrial e rotação de culturas visando controle de doenças nas culturas de verão foram algumas razões que levaram produtores a cultivarem o cereal. Dados do IBGE mostram que a área plantada passou de 21,5 mil hectares em 2012 para 55,0 mil hectares em 2014. Para dar suporte técnico aos triticultores, dezenas de experimentos estão sendo conduzidos pela EPAMIG, em parceria com a Embrapa-Trigo, na Fazenda Experimental de Sertãozinho em Patos de Minas.

O projeto de pesquisa denominado "Desenvolvimento de Cultivares de Trigo para o Estado de Minas Gerais" visa disponibilizar cultivares adaptadas às diferentes condições de solo e clima do Estado, tanto para àquelas regiões tropicais como o Triângulo Mineiro e Noroeste de Minas quanto para as regiões mais frias como o Campo das Vertentes e o Sul de Minas. Segundo o pesquisador da EPAMIG, Maurício Coelho, as cultivares trazidas da região Sul do país normalmente não se adaptam às diferentes regiões do estado. "Uma importante diferença entre o trigo produzido na região Sul do Brasil e no Centro Oeste brasileiro é que o trigo produzido em condições tropicais tem qualidade industrial superior", informa.

Outra vantagem da triticultura em Minas, na opinião do pesquisador, é a sua utilização no sistema de rotação de cultura. "É uma excelente alternativa para o produtor não deixar a sua terra parada na entressafra, ou seja, no inverno. Também pode atuar no controle de plantas daninhas e de algumas doenças que ocorrem na cultura de verão, tais como a soja, o milho, o feijão, as hortaliças", ressalta.  Maurício Coelho explica que o trigo tem uma palha bem resistente a decomposição. Desta forma, as estruturas de reprodução das doenças da cultura que antecede o trigo, que ainda permanecerem no solo, tem maior dificuldade de multiplicação na palha do trigo. Esse é um dos motivos que produtores de hortifrutigranjeiro da região no entorno de São Gotardo adotam o seu cultivo desde a década de 70.

Minas Gerais possui mercado amplo. Há mais demanda pelo trigo do que oferta. O estado consome próximo de um milhão de toneladas anualmente e produziu até hoje, no máximo, 20% desse consumo. O bom preço pago pela indústria nos últimos anos é outro atrativo para os produtores investirem na triticultura. Para os grupos de moagem que processam o grão no Estado, localizados em Uberlândia, Varginha, Santa Luzia e Contagem é mais barato comprar o produto em Minas do que busca-lo no Rio Grande do Sul, Paraná, Argentina, entre outras regiões. Devido a todas estas vantagens, a produção mineira do grão aumentou de 80,7 mil toneladas em 2012 para 175,9 mil toneladas em 2014.

De acordo com Maurício Coelho, com um mercado cada vez mais crescente a EPAMIG e Embrapa-Trigo consideram necessário não só disponibilizar cultivares adaptadas para região tropical, mas também tolerantes e/ou resistentes às doenças, principalmente a brusone, que é capaz de reduzir em até 100% a produtividade de lavouras localizadas em regiões mais quentes do estado. O pesquisador comenta que não existe, ainda, nenhuma cultivar resistente à brusone, mas já foram identificados genótipos com diferentes níveis de tolerância. Para ele, a resistência genética, geralmente, é a alternativa mais econômica para o controle de doenças.

O pesquisador salienta ainda que enquanto a pesquisa trabalha na busca de cultivares com altos índices de tolerância e até de resistência à brusone, os triticultores, principalmente das regiões tropicais brasileiras, podem conviver com a doença dentro de níveis baixos de incidência. De uma forma geral, ele adianta que os principais fatores desfavoráveis ao fungo causador da brusone são: espigamento da cultura em meses mais frios; planejamento da semeadura de acordo com o ciclo e com as condições ambientais da região; evitar irrigação e a coincidência de períodos chuvosos no espigamento.

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Fonte: : Assessoria de Comunicação EPAMIG/URETP.
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